Philip Kotler é um gênio, mas, convenhamos, seus famosos 4P’s do marketing, nestes novos tempos, acabam sendo pouco práticos por serem generalistas demais.
Por Rony Meisler (Siga-o no LinkedIn)
Num mundo de informação farta, plana e repleto de nichos, caudas longas e tribos, precisamos fatiá-los mais fino para além do belíssimo marketing semântico de P’s repetidos.
Se eu fosse investidor eu observaria bem de perto companhias que possuam o que chamamos aqui na Reserva de 8 P’s, não os de Kotler, mas de “Puuuuuuuuutzzzz…” (porque é esta a reação comum dos consumidores(as) ao se depararem com elas, hehehe) :
1- Propósito.
Negócios e vida precisam se confundir para fazer sentido para as pessoas.
Não queremos mais acordar de manhã apenas para trabalhar, mas também para viver e construir a vida e o mundo que desejamos.
Quando é assim o trabalho se torna significativo e a tendência é de crescimento exponencial em todos os sentidos.
2 – Perseverante.
Resiliência quando surgem os problemas.
Esforço para resolvê-los sem jamais passar por cima da cultura da companhia.
Trabalha enlouquecidamente pelo prazer que possui em transformar limões em limonadas.
3 – Privado.
Empresa tocada por dono(a) jovem de espírito.
Visão de longo prazo e não diretamente voltada pela opinião de mercado.
100% focada em seus consumidores e pessoas.
4 – Profitable (Em inglês pq lucrativa em português é com L e eu fugiria da regra dos P’s, kkk)
Lucro financeiro com concomitante impacto sócio ambiental positivo. O pensamento é óbvio: De nada adianta ganhar dinheiro hoje para perdê-lo amanhã pela depreciação que causará no mundo.
5 – Pessoas.
Pessoas não são propriedades da companhia. São partes colaborativas apaixonadas por seus produtos e processos.
A liberdade e paixão pelo o que fazem são os principais argumentos de produtividade profissional. Trabalham a distância. Full ou part-time.
O ambiente de trabalho, livre e multi-funcional, reflete a cultura da nova era.
6 – Produto.
Co-criado com os consumidores e causador do menor impacto possível ao meio ambiente.
A inovação está principalmente na capacidade de re-aproveitamento de materiais e nas questões de multifuncionalidade (solução para problemas simples de um dia a dia cada vez mais intenso).
7 – Planejamento Comercial.
Disciplina e foco para crescer com suas próprias pernas e com nível baixo de alavancagem financeira.
Devagar e sempre. Disputa maratonas e não tiros de curta distância.
8 – Preço.
No passado o preço era determinador de valor marca: “Produto bom, preço alto. Produto ruim, preço baixo.”
Nos novos tempos o preço baixo pode ser argumento de valorização de marca. Ele só precisa ser mais baixo do que a expectativa gerada por todos os outros atributos (P’s) acima destacados.
Tipo: “Nossa, que incrível esta empresa … este produto que ela faz é muito bacana e eu pagaria R$1000 por ele! Uau, custa R$300! Quero!”
Resumo da ópera:
Eu sou fã do papa Francisco, um verdadeiro empreendedor da fé. Há alguns dias atrás ele proferiu a seguinte frase:
Para um missionário ser bem sucedido basta duas características: Propósito e corpo a corpo.
Há pouco tempo atrás comprava-se audiência com dinheiro: Preço, Praça, Promoção e Produto. Milhões de dinheiros investidos em grandes espaços imobiliários e publicitários em troca de marketshare.
Na nova era na qual vivemos se conquista – e não compra – seguidores ao invés de consumidores: Propósito, Perseverança, Propriedade, Lucratividade responsável, foco em Pessoas, Produto co-criado e Preço acertado. Milhões de dinheiros investidos para a construção de um mundo e ambiente de negócios mais justo e democrático.
Sou mais o Papa Francisco do que o Philip Kotler.
Rony Meisler é CEO do grupo Reserva, autor do best-seller “Rebeldes Têm Asas”,palestrante, presidente do movimento Capitalismo Consciente no Brasil, membro do conselho do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) e membro do conselho consultivo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT).