ENEM – o decorar e o entender




Na década de 1990, todos os vestibulares seguiam o Modelo FUVEST.

O que é o modelo FUVEST? É aquela prova em que o estudante precisa decorar todas as datas importantes em História e ter na ponta da caneta as fórmulas de Química.

Logicamente, Unicamp, UFF, UFSCAR, Unesp, UFPR e etc também eram assim. Elas aprovavam o aluno conteudista.

Sem desmerecer a FUVEST (porta de entrada para a USP), a qual é elaborada por excelentes profissionais da educação, e também sem julgar os métodos avaliativos das maiores Universidades do país, observamos apenas que naquela época era mais importante decorar do que interpretar.

Com o crescimento do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), as perguntas foram adquirindo outra cara.
Estamos em 2016 e o ENEM é um grande exemplo de avaliação interpretativa. O estudante precisa entender uma questão para poder resolvê-la.

Então não preciso decorar mais nada?

Não é bem por aí.

É necessário, por exemplo, saber o que é um “cromossomo”. Mas não adianta apenas decorar seu nome, funções e os desenhos de um caderno. O real aprendizado exige que o “cromossomo” seja correlacionado ao cotidiano do estudante e à vida como este a enxerga.
O aprender por entendimento leva a um “decorar” muito mais duradouro.

Outro exemplo é a famosa Fórmula de Bhaskara:  Δ = b2-4ac
Ela é linda e decorável, mas quando a usaremos?

Você sabia que a Fórmula de Bhaskara é necessária para se construir uma antena parabólica?
Pois é. Enquanto você assiste tranquilamente TV no sofá, no seu telhado há um gráfico com uma função do 2º grau, uma parábola. Se você for calcular raízes ou zeros da equação, usaremos Bhaskara.

Com o ENEM concretiza-se uma nova forma de avaliar o conhecimento. Conteúdos Decorados dão lugar a Conteúdos Entendidos. Conteúdos Entendidos levam à satisfação de Aprender.

por Francisco Arquer Thomé – professor, jornalista