Frases de Pierre Bourdieu para se pensar

 

 



 


Frases de Pierre Bourdieu para se pensar


Na realidade, cada familia transmite a seus filhos, mais por vias indiretas que diretas, um certo capital cultural e um certo ethos, sistema de valores implícitos e profundamente interiorizados, que contribui para definir, entre outras coisas, as atitudes face ao capital cultural e à instituição escolar. A herança cultural, que difere, sob os dois aspectos, segundo as classes sociais, é a responsável pela diferença inicial das crianças diante da experiência escolar e, consequentemente, pelas taxas de êxito.  (1998, p.41-42)

BOUDIEU, P. Escritos de Educação; 7 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998


“Os circuitos de consagração são tanto mais poderosos quanto mais longos são, mais complexos e mais escondidos, até mesmo aos próprios olhos dos que neles participam e deles beneficiam” (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia)


“a maior parte das palavras de que dispomos para falar o mundo social oscilam entre o eufemismo e a injúria” (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia)


 



 


“O ressentimento ligado ao fracasso só torna quem o experimenta mais lúcido em relação ao mundo social, cegando-o ao mesmo tempo em relação ao próprio princípio dessa lucidez”. (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia).


“O campo artístico é lugar de revoluções parciais que alteram a estrutura do campo sem porem em questão o campo enquanto tal e o jogo que nele se joga”. (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia).


” A reação contra o passado, que faz História, é também o que faz a historicidade do presente, negativamente definido por aquilo que nega”. (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia).


“ethos de classe (para não dizer `ética de classe´), quer dizer um sistema de valores implícitos que as pessoas interiorizaram desde a infância e a partir do qual engendram respostas a problemas extremamente diferentes”. (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia).


“Gostaria de começar a dizer que devemos ter presente que não há um racismo, mas racismos: há tantos racismos como grupos que têm necessidade de se justificar por existirem como existem, o que constitui a função invariante dos racismos”. (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia)


“as pessoas que se querem à margem, fora do espaço social, se situam no mundo social, como toda a gente”. (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia)


“a ideia de virilidade é um dos últimos refúgios da identidade das classes dominadas” (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia)


“Toda a linguagem que é produto do compromisso com censuras, interiores e exteriores, exerce um efeito de imposição, imposição de impensado, imposição que desencoraja o pensamento”. (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia)


“a sociologia constituiu-se com a ambição de roubar à filosofia alguns dos seus problemas, mas abandonando o projeto profético que era muitas vezes o seu. (…) Os sociólogos (…) põem o problema das classes, mas sem se porem o problema dos sistemas de classificação usados pelos agentes e da relação que mantém com as classificações objetivas”. (Pierre Bourdieu – Questões de Sociologia)


 



 


 

 

A partir daqui, há algumas citações e suas referências



O juízo que o camponês faz sobre si próprio não é menos ambivalente do que o que ele reserva para o morador da cidade e para o funcionário público. O orgulho de si, ligado ao desprezo pelo morador da cidade, coexiste dentro dele, senão com a vergonha de si, pelo menos com uma aguda consciência das suas deficiências e de seus limites. Se tomam o morador da cidade como alvo de ironia sempre que podem, isto é, quando estão num grande grupo, ficam embaraçados, incomodados e respeitosos quando se encontram com eles face a face. Não será significativo que as piadas mais apreciadas tenham como tema a falta de jeito e as coisas ridículas do camponês e, sobretudo, do camponês entre os moradores da cidade? (BOURDIEU, 1962; 2002, p. 105-106).

BOURDIEU, P. 1962. Célibat et condition paysanne. Études rurales, n. 5-6, p. 32-136, avr


Não se tem de escolher entre observação participante, uma imersão necessariamente ficcional num meio estranho, e o objetivismo da “contemplação à distância” de um observador que permanece tão distante de si próprio como do seu objeto. A objetivação participante encarrega-se de explorar não a “experiência vivida” do sujeito do conhecimento, mas sim as condições sociais de possibilidade – e, dessa forma, os efeitos e limites – dessa experiência e, mais precisamente, do próprio ato de objetivação. Visa objetivar a relação subjetiva com o próprio objeto, o que, longe de levar a um subjetivismo relativista e mais ou menos anticientífico, é uma das condições da objetividade científica genuína (BOURDIEU, 2003a, p. 282).

BOURDIEU. P. 2003. Participant Objectivation. Journal of the Royal Anthropological Institute, v. 9, n. 2, p. 281-294, Feb


conhece-se melhor o mundo à medida que melhor conhecemos a nós mesmos, que o conhecimento científico e o conhecimento de nós mesmos e da nossa própria inconsciência social avançam de mãos dadas, e que a experiência primária transformada em e através da prática científica modifica a prática científica e reciprocamente (BOURDIEU, 2003, p. 289)

BOURDIEU. P. 2003. Participant Objectivation. Journal of the Royal Anthropological Institute, v. 9, n. 2, p. 281-294, Feb


O princípio da ação histórica, aquela do artista, do sábio ou do governante, como aquela do operário ou do funcionário público, não é a de um sujeito que se afrontaria à sociedade como um objeto constituído na exterioridade. Ele não reside nem na consciência, nem nas coisas, mas na relação entre dois estados do social, quer dizer, entre a história objetivada nas coisas, sob a forma de instituições, e a história encarnada nos corpos, sob a forma deste sistema de disposições duráveis que eu chamo de habitus. (BOURDIEU, 1982, p. 38)

BOURDIEU Pierre. Leçon sur la leçon. Paris: PUF, 1982