“Ataque Alienígena” causou pânico a mais de 1 milhão de pessoas


A terra é plana, vacinas provocam autismo e chips satânicos serão implantados sob a pele. Com certeza, você já ouviu falar sobre algumas dessas notícias falsas que, vira e mexe, entram na moda e geram dúvida, insegurança e medo a milhares de pessoas. Com o crescimento da influência das redes sociais no contato que temos com o mundo, esses tipos de boato têm virado verdadeiros fenômenos, ganhando espaço no senso comum e nossa cultura popular. O termo “fake news” nunca esteve tanto em alta, dando trabalho aos veículos de imprensa, órgãos governamentais, estudiosos da comunicação, programadores e até psicólogos.

Mas engana-se quem pensa que essa é uma característica do brasileiro ou dos tempos de internet. Em 30 de outubro de 1938, ocorreu nos Estados Unidos e por meio do rádio o caso mais simbólico de “fake news” em toda história. Tudo graças à genialidade do jovem cineasta Orson Welles, que decidiu adaptar o clássico da literatura britânica “Guerra dos Mundos” (H. G. Wells, 1897), para um programa de radioteatro transmitido pela famosa rede CBS.

Parecia uma noite normal, até que a emissora interrompeu a programação musical para noticiar uma violenta invasão marciana. De acordo com os locutores, os extraterrestres já haviam aniquilado as forças armadas e estavam envenenando o ar com um tipo de gás tóxico, entre outras coisas assustadoras.

O programa foi feito com todas as características do radiojornalismo tradicional: reportagens na rua, entrevistas com testemunhas, opinião de peritos e autoridades, tudo encenado com muita emoção. Welles, por exemplo, interpretou um astrônomo. Para passar ainda mais realismo, investiram na sonoplastia, com muitos gritos e choro ao fundo, misturados ao som das naves, que era feito com uma descarga de banheiro. Tudo isso dava a impressão de que os fatos narrados ao vivo eram verídicos e tinham comprovação científica.

Estima-se que a audiência do programa chegou a 6 milhões de pessoas, mas metade passou a acompanhar quando a transmissão já havia iniciado, perdendo a introdução que informava tratar-se de uma ficção. Pelo menos 1,2 milhão de pessoas entraram em pânico com medo da ameaça alienígena, causando sobrecarga nas linhas telefônicas, aglomerações nas ruas e congestionamentos nas estradas. O surto de histeria coletiva paralisou três cidades próximas a Nova Jersey, estado em que ficava a sede da CBS.





33 anos depois, em 30 de outubro 1971, a experiência foi reproduzida aqui no Brasil pela rádio Difusora de São Luís (MA), provocando efeitos similares aos do episódio norte-americano. O comércio no centro histórico da capital maranhense fechou as portas, pessoas fugiram para suas casas e outras cidades, luz de velas tomaram conta cidade e grupos de oração se formaram por todos os lugares. O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado e um oficial do Exército que estava a 190 km de distância fretou um voo emergencial para constatar o que estava acontecendo.

O dia histórico provocado Welles mostrou o poder e a responsabilidade que os meios de comunicação de massa devem ter com a sociedade, além do perigo em acreditar e disseminar qualquer notícia sem antes pesquisar a veracidade e origem do fato.   Fica a dia!


Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
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